Novas denúncias abalam Enem


Zero Hora.com

Uma nova crise de credibilidade, desta vez provocada por absurdos na correção das redações, atinge o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no momento em que o sistema de avaliação se consolida como principal forma de ingresso nas universidades brasileiras. Duas professoras gaúchas contratadas para corrigir as redações do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) vieram a público nesta quarta-feira (20) e revelaram ter recebido orientação para fazer vista grossa aos erros dos alunos, de forma a evitar que eles ficassem abaixo da nota mínima exigida para aprovação.

O depoimento das docentes surgiu depois de o jornal O Globo revelar que estudantes responsáveis por erros crassos de ortografia e concordância receberam notas elevadas na última edição. Houve casos de nota máxima para redações com erros como “rasoavel”, “enchergar” e ‘trousse”.

– Fomos orientados a não sermos rigorosas na correção – contou uma das avaliadoras, em entrevista ao Gaúcha Repórter, da Rádio Gaúcha.

Enquanto essas revelações levam pais e estudantes a encarar o Enem com desconfiança, centenas de instituições de Ensino Superior abolem seus vestibulares para abraçar o exame como única forma de ingresso.

O processo de transformação do Enem em porta de entrada para as universidades é visto com reservas por alguns pesquisadores – e as restrições não têm a ver com as falhas de segurança, logística e correção de provas. Entre os que veem a tendência com desconfiança está um educador que fez sua carreira na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Francisco Soares, do Grupo de Avaliação e Medidas Educacionais da instituição mineira. Ele considera negativa a uniformização do teste nacional. Para ele, o vestibular oferece vantagem por cobrar conhecimentos específicos necessários no curso ao qual o candidato concorre.

– Quando há uma prova para todo o país, significa dizer que o aluno tem de aprender o que é o cobrado pelo Enem. Ele não estuda Física, estuda a Física do Enem. Isso puxa o conhecimento para um nível mais baixo. É difícil ter um programa universitário sólido começando com uma base tão baixa.

O professor Fernando Becker, da Faculdade de Educação da UFRGS, considera a migração preocupante: – Há universidades que entregam a seleção para o Enem. Entregar uma parte, tudo bem, porque o exame expressa alguma coisa do que o aluno fez no Ensino Médio, mas não existe razão para a universidade renunciar ao vestibular. Ela deve saber quem quer selecionar e o grau de exigência que vai colocar, fazendo uma seleção conforme seus próprios critérios.

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