A enturmação de Tarso
Ao retomar a fusão de turmas como estratégia para combater a falta de professores, o Piratini fez mais do que reacender uma antiga celeuma na tradicionalmente conturbada área da educação.
De uma só tacada, acrescentou mais pólvora à guerra com o Cpers, modificou o discurso petista em relação ao assunto e criou uma situação desconfortável para seus aliados, que vão ter de suar para explicar como o partido que tanto condenou a chamada enturmação tucana agora lança mão do mesmo recurso.
Por mais que o governo Tarso garanta que a sua enturmação é diferente da enturmação de Yeda, a prática que vem sendo adotada é semelhante: como no passado, prevê a união de turmas pequenas para liberar educadores e, assim, poupar recursos.
A sintonia entre os dois modelos é percebida pela presidente do Cpers, Rejane de Oliveira, que assiste atônita aos companheiros do partido ao qual é filiada repetirem processos idênticos aos que antes, juntos, condenavam.
A secretária adjunta da Educação, Maria Eulalia Nascimento, contesta a comparação, dizendo que o “que se está fazendo não tem relação alguma com fatos passados”, pois “nenhum setor está sendo fechado como foi feito antes”, não há “nenhum gesto no sentido de amontoar alunos” e as mudanças estão respeitando as diretrizes do Conselho Estadual de Educação. Mas admite que, diante de algumas distorções encontradas, “seria uma irresponsabilidade não incidir junto a essas escolas, mesmo correndo o risco de se assistir uma comparação com a ‘enturmação’ ocorrida no período anterior, como, aliás, já está acontecendo”.
Basicamente, era o mesmo que dizia a tão alvejada secretária Mariza Abreu. Atestando que também se baseava nos critérios estabelecidos pelo Conselho de Educação, se diz “muito satisfeita que o governo do PT esteja colocando em prática essa medida”, dando continuidade à sua política. Mesmo que façam todas as ressalvas em relação a detalhes, os petistas não vão escapar de ouvir que agora também estão enturmados.
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